7 de agosto de 2025
Noticia, Política e Governo

Entenda por que a Geração Z impulsiona queda no consumo de álcool

Jovens priorizam saúde e bem-estar, reduzindo ingestão de bebidas alcoólicas e impulsionando mercado de opções 0,0%

A geração Z está transformando hábitos de consumo e desafiando a indústria de bebidas alcoólicas no Brasil e no mundo. Enquanto o álcool já foi sinônimo de socialização entre jovens, pesquisas mostram que essa realidade está mudando: quase metade dos brasileiros entre 18 e 24 anos não consome bebidas alcoólicas, e cerca de 20% bebem no máximo uma vez por mês.  

Médico nutrólogo e intensivista Dr. José Israel Sanchez Robles

Segundo o médico nutrólogo e intensivista Dr. José Israel Sanchez Robles, a preocupação com a saúde é um dos principais motivos para essa queda. “Observa-se uma crescente conscientização entre os jovens quanto aos efeitos nocivos do consumo de álcool, incluindo hepatotoxicidade, aumento de peso corporal e comprometimento das funções cognitivas. Essa mudança de comportamento reflete uma busca por um estilo de vida mais equilibrado, com maior ênfase na adoção de hábitos alimentares saudáveis e na prática regular de atividades físicas.”, explica.  

Além disso, a exposição nas redes sociais tem influenciado essa geração. *”Há uma tendência crescente entre os jovens de evitar comportamentos que possam resultar em exposição negativa nas redes sociais, como excessos em eventos sociais. A cultura digital contemporânea tem promovido uma maior autocobrança quanto à preservação da imagem pública, influenciando diretamente escolhas e atitudes no âmbito pessoal e social.”*, complementa o especialista.  

Diante da queda no consumo tradicional, o mercado de bebidas sem álcool vem crescendo exponencialmente. No Brasil, a venda de cervejas 0,0% saltou de 133 milhões de litros em 2018 para 752 milhões em 2024, com projeção de atingir 1 bilhão até 2025. Grandes marcas como Ambev e Heineken já registram aumento significativo nas vendas de suas versões sem álcool.  

“A indústria tem reconhecido a necessidade de adaptar suas estratégias de mercado, compreendendo que o modelo tradicional de consumo não atende mais às demandas do público jovem. Este grupo busca alternativas que estejam alinhadas ao seu estilo de vida mais saudável, sem, contudo, renunciar ao paladar e à vivência social associada ao consumo.”, afirmou José Israel.  

A tendência é que o mercado continue se adaptando, com produtos premium, sustentáveis e de baixo teor alcoólico. ““A tendência atual não se resume à exclusão do álcool, mas à valorização de bebidas que ofereçam algum benefício adicional, seja por meio de ingredientes funcionais ou pela redução calórica”, destaca o médico. Para ele, a mudança é positiva. “A diminuição da ingestão alcoólica entre os jovens pode representar, a longo prazo, uma geração menos exposta a doenças hepáticas, cardiovasculares e à dependência química.”

Enquanto isso, bares e restaurantes já ampliam seus cardápios com mocktails (drinks sem álcool), e cervejarias artesanais investem em versões 0,0%. A geração Z, portanto, não só está mudando seus hábitos, mas também redefinindo o futuro da indústria de bebidas.  

Por Carlos Nathan

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