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Longevidade humana: remédios para emagrecer mostram efeitos que intrigam especialistas; entenda

Medicamentos usados para diabetes e perda de peso passam a ser estudados como possíveis ferramentas para ampliar anos de vida saudável, enquanto especialistas apontam uma mudança inédita na medicina moderna

Imagens: divulgação internet

A medicina pode estar diante de um ponto de virada que poucos imaginaram. O que começou como uma revolução no tratamento da obesidade e do diabetes agora se desdobra em algo muito maior. Pesquisas recentes vêm indicando que os medicamentos mais populares da atualidade, usados para controlar o peso e o metabolismo, apresentam efeitos que se estendem por quase todo o organismo humano e podem influenciar mecanismos associados ao envelhecimento.

Nutrólogo e intensivista Dr. José Israel Sanchez Robles

A discussão ganhou força após a revista Nature Biotechnology publicar um editorial considerado elegante e provocador, sugerindo que essas terapias talvez sejam as primeiras com potencial real para alterar o curso das doenças relacionadas ao tempo. A ideia seria vista como exagero há poucos anos, mas hoje desperta interesse genuíno entre médicos e cientistas.

O nutrólogo e intensivista Dr. José Israel Sanchez Robles explica como este capítulo da história da humanidade é importante. Segundo ele, a ciência começou a mostrar algo que antes parecia improvável. “Estamos percebendo melhorias em vários sistemas do corpo ao mesmo tempo, o que deixa claro que não estamos diante de simples remédios para emagrecer”, afirma. Ele explica que estudos robustos apontam redução de mortalidade, queda de infartos e AVCs, proteção renal, melhora da apneia do sono, alívio da dor em articulações e até sinais preliminares de benefícios neurológicos.

Para o médico, esse conjunto de efeitos desperta uma pergunta que já não cabe mais ser descartada. “É legítimo pensar se estamos adiando a chegada das doenças da idade. O corpo parece responder de maneira mais ampla do que esperávamos”, diz ele.

Mesmo com os resultados animadores, ele reforça que ainda não se trata de uma “pílula da juventude”. Falta entender se esses efeitos se repetem em pessoas saudáveis ou de baixo risco, algo que exigiria estudos longos e caros. “Para afirmar que estamos impactando o envelhecimento em si, precisamos ver benefícios duradouros, fora dos grupos tradicionalmente vulneráveis. Esse é o grande desafio dos próximos anos”, explica José Israel.

A discussão já mobiliza grandes empresas farmacêuticas e pesquisadores do campo da longevidade. Em encontros internacionais, cientistas descrevem um cenário no qual a medicina preventiva pode ganhar uma nova dimensão. A ideia é identificar pessoas em risco muito antes do surgimento das doenças e utilizar terapias capazes de retardar sua evolução, ampliando o período de vida saudável.

Para o nutrólogo, a situação é um novo horizonte se abrindo. “Nunca estivemos tão próximos de transformar anos de vida em anos de vida com qualidade. É uma mudança de mentalidade e, sobretudo, de possibilidades científicas”, reitera.
Por Carlos Nathan Sampaio

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