Sala de aula: Conheça 5 atividades para trabalhar o gênero narrativo conto
Jogos e brincadeiras estimulam criatividade e memória nas aulas de língua portuguesa do ensino fundamental
O gênero narrativo é uma categoria da literatura que envolve a narração de histórias reais ou fictícias, em primeira ou terceira pessoa. Geralmente, possui como características as presenças de personagens com ações, de enredo e de tempo e espaço. Além disso, pode ser apresentado de diferentes formas, como romances, novelas, crônicas e contos – uma narrativa breve com início, desenvolvimento e desfecho.
Por Leonardo Valle / Instituto Claro
“O ensino do gênero narrativo é geralmente previso a partir do 4º ano do ensino fundamental, quando se pressupõe que a criança já esteja alfabetizada e seja capaz de produzir um texto”, explica a professora do curso de pedagogia da Universidade Estadual Paulista (Unesp-Presidente Prudente) Renata Junqueira.
“Porém, é ser exposta à contação de história desde a educação infantil que ajuda a criança a assimilar a estrutura do conto, entendendo que uma história tem começo, meio e fim e que o personagem fará algo para resolver um conflito”, acrescenta.
Junqueira explica que os jogos de reconto – que convidam a criança a narrar de outras formas uma história previamente conhecida – ajudam a ensinar o gênero conto para a turma. Nestas atividades, uma possibilidade é utilizar os contos de fadas.
“Jogos de reconto estimulam a criatividade e a imaginação, a organizar o pensamento e também a memória, que é importante para criar uma sequência narrativa”, afirma Junqueira.
“Também ampliam o vocabulário e ajudam a perceber os elementos da narrativa, por exemplo, que desfecho é diferente do final. Ele é o desenvolvimento de um conflito na narrativa que depois terá uma finalização”, descreve.
Junqueira explica que os jogos de reconto devem ser realizados oralmente para depois serem escritos.
Estratégias antes da brincadeira
Segundo a docente, é indicado apresentar às crianças bons modelos de contos antes das atividades de recontagem de histórias. Ela indica obras de Ricardo Azevedo, Bartolomeu Campos de Queirós, Milton Célio de Oliveira Filho e Marina Colasanti.
Para ajudar a criança a entender a estrutura textual do conto, Junqueira orienta uma atividade visual que consiste em pedir aos estudantes que realcem, com cores diferentes, os variados elementos que constituem uma narrativa, como: tempo e espaço, causas e consequências de ações, conflito e resolução do conflito e descrição dos personagens. “Outra possibilidade é imprimir o texto para os alunos discutirem, recortarem tais elementos e depois colarem em um cartaz”, indica.
Junqueira também orienta trabalhar os temas e personagens que irão aparecer no texto proposto antes da leitura ou da brincadeira. “O aluno pode não saber o que é um louva-a-deus ou um beija-flor, por exemplo”, justifica.
Além disso, para trabalhar com contos de fadas, é indicado que a criança conheça com profundidade a estrutura original da história para poder, no jogo, modificá-la.
A seguir, conheça cinco jogos e brincadeiras para trabalhar o gênero conto com a turma nas aulas de língua portuguesa.
1) Contos desfeitos
Autor do livro “O Conto na Psicopedagogia” (1999), Jean-Marie Gillig sugere que as crianças introduzam elementos que modifiquem a narrativa do conto de fadas, mas o finalizando da mesma forma. Por exemplo, ao invés de a Cinderela ter perdido um sapato, o que aconteceria se ela perdesse um anel?
2) Contos invertidos
Nesta paródia, o caráter dos personagens é invertido. Por exemplo, a Chapeuzinho Vermelho é má e, o lobo, bom.
3) Salada de contos
Consiste em mesclar personagens e elementos de diferentes contos para criar uma nova narrativa. Por exemplo, o Lobo Mau invade o quarto da Bela Adormecida para roubar algo de valor e acaba comendo a maçã deixada pela bruxa de Branca de Neve.
4) Passagem obrigatória
Sugestão de Jean-Marie Gillig na qual uma história é transportada para outro tempo e espaço. “Por exemplo, trazer uma perspectiva contemporânea para contos clássicos, como a Chapeuzinho Vermelho ser punk em São Paulo e Pinóquio, boneco de madeira, ser defensor do desmatamento da Amazônia”, ilustra Junqueira.
5) Contos cortados
Indicado por Gillig, a brincadeira deve ser realizada com um texto escrito e consiste em cortar parágrafos e palavras até criar uma versão diferente da história. Por exemplo, após suprimir trechos do texto original, quem salvou a Branca de Neve não foi o Príncipe, mas o vento.
Veja mais:
Plano de aula – Conto e reconto: revistando histórias com o apoio de imagens
Plano de aula – Contos fantásticos
Fonte: institutoclaro.org.br
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