Sala de aula: como fazer a transição da letra bastão para a cursiva
O processo de alfabetização começa com o ensino da leitura, depois vem a escrita. Entenda, neste artigo, como fazer a transição da letra de forma (bastão) para a letra cursiva.
Por Luciana Brites
Para uma criança aprender a ler, ela depende, primeiramente, dos olhos, de um processamento visual. Da mesma forma, para aprender a escrever, ela vai precisar de habilidades específicas, como a coordenação de áreas cognitivas.
Primeiro, a criança aprende a decodificar a letra, para poder ler. Em seguida, aprende a escrever o que lê, sendo esse um processo um pouco mais complexo de aprendizagem.
Aprender a escrever é um processo formal que ocorre por volta dos 6, 7 anos, ainda que habilidades importantes possam ser estimuladas desde muito cedo.
O processo de aprendizagem da escrita
Em primeiro lugar, é importante frisar que as habilidades essenciais para aprender a escrever podem ser trabalhadas desde quando as crianças são pequenas. O movimento de pinça, por exemplo, começa a se desenvolver por volta dos 9 meses, e ele é importante para que ela adquira força para segurar objetos, como o lápis.
Da mesma forma, durante os três primeiros anos da criança, ela explora o mundo com as mãos, com atividades como massinha, por exemplo. O movimento das mãos se desenvolve e vai se refinando, o que podemos ver quando as linhas e traços em seus desenhos começam a ficar melhor definidos.
Aos 5 anos, as crianças podem aperfeiçoar os movimentos das mãos trabalhando com pontilhados. Por volta dos 6, 7 anos, elas podem, então, aprender movimentos mais complexos, como a letra cursiva.
As crianças são alfabetizadas com a letra bastão (de forma), porque é mais fácil de visualizar a letra e aprender a decodificá-las. No entanto, quando essa aprendizagem já está consolidada, podem aprender a letra cursiva.
Dicas para ajudar no desenvolvimento do processo de escrita cursiva
Para facilitar o processo de transição da escrita com letra bastão para a letra cursiva no ensino fundamental, é importante usar recursos pedagógicos como propostas de atividades que envolvam a leitura de palavras em letra cursiva. Incentivar o treino de palavras escritas em cursiva ajuda a tornar o processo de transição mais natural.
Nesse processo de transição da escrita com letra bastão para a cursiva seja ainda mais eficaz, é fundamental estimular a aprendizagem de outras habilidades motoras, como
- Esquema corporal;
- Equilíbrio e postura,
- Força e do Tônus Muscular,
- Trabalhar com os olhos,
- Atividades como massinha.
Letra de Forma (Letra bastão): Transição para a letra cursiva
No primeiro período da alfabetização, as crianças aprendem a usar a letra bastão (de forma). Apenas em um segundo momento, como mencionado, é que elas aprendem a letra cursiva.
Primeiro, as crianças aprendem a formar palavras usando a letra de forma, para então aprenderem a letra cursiva, que será usada daí em diante na escola. A letra bastão é melhor compreendida pelas crianças, elas aprendem mais fácil com elas, por serem simples, com linhas retas.
Como ensinar letra cursiva
O ideal é ensinar a letra cursiva depois que a criança já está alfabetizada, para que ela possa se dedicar ao desenho da letra sem ter que se preocupar em construir palavras.
Vantagens da letra cursiva
Vivemos em um mundo cercado de tecnologia e, muitas vezes, surge a dúvida se é importante ensinar a letra cursiva ou não. No entanto, estudos mostram que a alfabetização com letra cursiva aumenta o percentual cognitivo das crianças, se comparadas com aqueles que aprendem a digitação.
As crianças que aprendem a letra cursiva têm uma ortografia melhor, com menos erros, já que desenvolveram a memória motora ao aprender a escrever a palavra. O processo de construção da escrita começa com o ensino da letra bastão e deve ser seguido do ensino da letra cursiva.
Letra de Forma (bastão)Por que começar com ela?
Diante da importância da letra cursiva para o desenvolvimento infantil, muitos se perguntam porque não começar por ela, mas sim pela letra bastão. A resposta para essa pergunta é o processo de construção das hipóteses da escrita.
Quando as crianças começam a ser alfabetizadas, precisam pensar as letras necessárias para formar uma palavra. A letra bastão tem traços simples e é ideal para esse começo. A letra cursiva é emendada uma na outra, o que dificulta separá-las visualmente quando se está aprendendo a ler.
Dessa forma, o ideal é ensinar a letra cursiva quando a criança já desenvolveu a lógica do sistema de escrita. Essa organização é importante para que ela possa aprender a letra cursiva.
Como fica o ensino da escrita no autismo?
Os transtornos do neurodesenvolvimento, como o autismo, englobam dificuldades de coordenação motora, o que pode afetar a escrita. Para organizar os movimentos, as crianças precisam de um mecanismo chamado auto regulação, que pode estar prejudicado no autismo.
No entanto, a criança com autismo deve ser estimulada a aprender a letra cursiva e, caso ela tenha muita dificuldade, é recomendada então, a letra bastão. Como qualquer outra criança, ela terá habilidades e dificuldades específicas, que devem ser reconhecidas pelo professor, para saber quais são suas necessidades de aprendizagem.
Se você tem mais dicas sobre a transição da letra bastão para letra cursiva, deixe nos comentários e contribua com a discussão!
Referências:
MONTEIRO, Carolina. ORIENTAÇÕES SOBRE O ensino da escrita Na Revista do Ensino/RS: repercussões da obra de Orminda Marques (1930-1960). Hist. Educ. [online]. 2016, vol.20, n.48 [cited 2020-12-29], pp.235-257.

Escrito por
Luciana Brites
Tem mais de 25 anos de experiência em alfabetização e atendimento clínico a crianças e adolescentes com dificuldades e transtornos de aprendizagem.
Mestre em Distúrbios do Desenvolvimento pela Universidade Mackenzie, e é Doutoranda em Ciências do Desenvolvimento Humano pela mesma universidade.
Autora Best-seller do Livro “Brincar é fundamental”, autora do Livro “Alfabetização, Por onde começar” e co-autora de Como saber do que seu filho realmente precisa? (2018), Mentes únicas (2019) e Crianças desafiadoras (2019).
Há 14 anos fundou a NeuroSaber, Instituto que tem como missão compartilhar o conhecimento científico com linguagem simples e aplicabilidade prática para formar professores comprometidos com a aprendizagem de todas as crianças.
Fonte: https://institutoneurosaber.com.br/
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