24 de abril de 2025
Empresas, Economia e MercadoMeio ambienteNoticia, Política e Governo

Projeto de indústria leiteira leva benefício para o solo, em Goiás

Além de tratar a água em sua ETE, projeto da Marajoara Laticínios leva benefícios para o pasto de propriedades vizinhas, levando mais produtividade para pecuaristas no manejo de gado

Conforme o Mapa de Potencialidade Agrícola Natural das Terras do Brasil, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre os mais de 500 tipos de solos existentes no Brasil, apenas 31,9% têm potencialidade para o desenvolvimento agrícola considerada boa ou muito boa. Apesar disso, com a aplicação de novas técnicas e tecnologias, é possível multiplicar o potencial da terra. 

Em Hidrolândia, região metropolitana de Goiânia, uma iniciativa de aplicação de tecnologias tem gerado benefícios a pecuaristas leiteira, desenvolvida pela Marajoara Laticínios a partir do processo de tratamento de sua água residual. A indústria, que envasa mais de 12 mil litros por hora e oferece mais de 10 itens em sua linha de produtos, entre leites desnatado, semidesnatado, sem lactose, cremes de leite, leite condensado e achocolatado, possui uma Estação de Tratamento de Água (ETE) que, além de promover a purificação da água em índice superior a 90%, descobriu que o resíduo era uma biomassa rica em proteína que poderia beneficiar o cultivo do capim.

O processo de tratamento da água gera cerca de 300 toneladas de adubo por mês. Em 2018, a indústria aprovou junto ao órgão ambiental o Projeto Biomassa para destinar esse resíduo para pecuaristas vizinhos. “Essa biomassa é muito rica em matéria orgânica,  em micro e macronutrientes para o solo”, conta Vinícius Junqueira, diretor geral da Marajoara Laticínios. 

O fertilizante é fornecido gratuitamente para produtores locais que são cadastrados, e após a indústria faz a análise do solo da propriedade. Um dos beneficiados pelo projeto é o pecuarista Emerson Oliveira, que recebe todos os dias o caminhão pipa cheio de biomassa em sua propriedade. “Desde que comecei a jogar a biomassa no capim, passei a colocar mais gado no espaço e diminui a necessidade de ração”, conta. 

Fertirrigação

A partir de sua ETE, a Marajoara desenvolveu na sequência um outro projeto para beneficiar o solo, denominado Fertirrigação.  Após ser tratada, a água é direcionada para um sistema de irrigação montada numa área de pasto com 160 mil m², próxima à indústria, mantendo a produtividade do mesmo o ano inteiro.

“Antes, essa água já devidamente tratada era lançada  no Córrego Grimpas. Porém, desde 2021, com esse projeto de fertirrigação conseguiremos dar uma destinação mais sustentável para essa água”, explica Vinícius Junqueira.

Três bombas instaladas em tanques de água tratada que percorrerão quase um quilômetro em tubulações até chegar ao destino, onde será criado gado de corte. Em média, serão jorradas no local 75 mil litros de água por hora.  A cada 12 horas, serão um milhão de litros de água de reuso reaproveitados. O sistema é composto por cerca de 600 aspersores, sendo que cada um irá lançar água a uma distância máxima de um raio de 11 metros. Isso faz com que cada gota de água seja muito bem aproveitada, evitando o desperdício.

O pasto foi dividido em piquetes para se fazer o manejo rotativo e a que a produtividade aumentou em cinco vezes.  “Através deste sistema, independentemente do período do ano, se de seca ou não, o pasto continua verde e abundante para gado”, explica Vinícius, ao citar outra vantagem: por meio do sistema instalado, é possível fazer a suplementação para o pasto diluindo-o nos próprios tanques da ETE, facilitando o processo. 

De acordo com a bióloga Daniela Souza Silva, que assessorou a Marajoara no desenvolvimento do projeto, o sistema também é um importante mecanismo de recarga dos aquíferos locais ou lençóis freáticos. “Com esse sistema de fertirrigação, parte da água é absorvida pela planta, no caso o capim do pasto, parte é evaporada e uma parte significativa vai para o lençol freático”, explica a consultora.

*Premiação*

Juntos, os projetos são iniciativas pioneiras de sustentabilidade da indústria, que desenvolveu um protótipo de eficiência para a pecuária, uma das principais âncoras da economia goiana. Goiás possui o terceiro maior rebanho bovino do País, com 23,7 milhões de cabeças de gado, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Graças a esses projetos da Fertirrigação e da Biomassa, a indústria conquistou a primeira colocação na categoria Elementos Naturais na 19ª edição do Troféu Seriema, em 2021. O prêmio de âmbito nacional é concedido pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Goiás (Crea-GO). 

Segundo Vinícius, a premiação é um importante reconhecimento para a Marajoara, que tem em sua gênese a inovação e o cuidado com a água e o solo. “Com investimento em inovação e empenho podemos garantir o retorno de água ao lençol freático e sua disponibilidade futura. Nosso exemplo poderá  também estimular outras empresas a adotar a prática 100% sustentável nos próximos anos, pois é um caminho sem volta”, declarou. 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *