5 de agosto de 2025
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Pediatra desvenda mitos e verdades sobre a amamentação

Neste Agosto Dourado, que destaca a importância do aleitamento materno, especialista orienta sobre o assunto

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em torno de seis milhões de vidas de crianças são salvas a cada ano por causa do aumento das taxas de amamentação exclusiva até o sexto mês de vida. A amamentação é o único fator que, isoladamente, pode reduzir em até 13% a mortalidade infantil por causas evitáveis. A meta estabelecida pela OMS é que, até 2030, 70% das crianças de até seis meses de vida sejam amamentadas exclusivamente.

Imagem: divulgação internet Freepik

Para chamar atenção à causa, em 1º de agosto é o Dia Mundial da Amamentação, a primeira semana é considerada a Semana Mundial da Amamentação e o mês ganha a cor dourada para reforçar a causa. “O objetivo do Agosto Dourado é incentivar e, consequentemente, estimular o aleitamento materno. O dourado vem do que a gente chama de padrão ouro para alimentação do bebê na primeira infância, especialmente no primeiro ano de vida dele, que é o aleitamento materno e no seio materno. Por isso que essa campanha é tão importante, faz muita diferença tanto para a saúde materna quanto para a saúde do bebê”, destaca a pediatra Stephania Laudares.

A pediatra Stephania Laudares destaca que a amamentação faz diferença tanto para a saúde materna quanto para a saúde do bebê
Arquivo pessoal

Nem todas as mães conseguem amamentar facilmente. Por isso, a especialista, que atende no centro clínico do Órion Complex, em Goiânia, ressalta que a informação é fundamental para a mulher. “Quando ela sabe da importância do aleitamento materno, dos benefícios para a saúde dela e do seu filho, isso aumenta o engajamento da mãe e a determinação para conseguir amamentar. Sem contar que se ela tiver conhecimento das formas de amamentação, ou seja, posição que ela pode amamentar, pega adequada, como saber se esse bebê está mamando corretamente ou não, isso faz completa diferença. É importante que ela mantenha um contato próximo com o obstetra e seja orientada com relação ao aleitamento materno ainda gestante”. 

A pediatra pontua que muitos profissionais podem auxiliar a mãe neste processo. “Na maternidade um recurso que faz muita diferença para manutenção do aleitamento materno é amamentar logo após o nascimento do bebê, a gente chama isso de hora de ouro ou golden hour, na primeira hora do nascimento. Depois disso é contar com o apoio, incentivo, orientações e as correções adequadas do pediatra que assiste esse bebê. Existem hoje profissionais especialistas também para apoiarem e estimular o aleitamento materno, que são as chamadas consultoras de amamentação, que ajudam, incentivam e corrigem o aleitamento materno, se necessário”.

Mitos e verdades
Stephania Laudares esclarece algumas orientações que as mães recebem ao longo da amamentação, muitas delas passadas por gerações, mas que nem sempre são a realidade. Confira a seguir: 

– O que a mãe come pode dar reações no bebê:
Mito: “Na maioria das vezes, o que é falado popularmente é que o bebê pode ter cólica, a depender do que a mãe come. A gente não tem nenhum estudo científico, nenhum trabalho que evidencie ou que comprove essa questão. Pelo contrário, a mulher que amamenta, ela precisa de uma dieta qualitativamente e quantitativamente adequada, ela precisa de uma alimentação repleta de comida de verdade, com poucos ultraprocessados e mais alimentos saudáveis”, afirma. “Agora, existe uma condição de alergia, a mais comum é alergia alimentar à proteína do leite de vaca. E nesses casos, tem que excluir essa proteína alergênica da dieta materna e assim melhorar a alergia dessa criança”, completa.

– A amamentação em livre demanda é importante:
Verdade: “A amamentação em livre demanda é importante e é preconizada. O ideal é não regular nem o tempo nem o horário de mamada, e sim observar sinais de fome e de saciedade do bebê e oferecer o seio sempre que solicitado por ele”, salienta a pediatra.

– Leite materno é fraco:
Mito: “Não existe leite fraco e o leite não vai ficando fraco. O leite materno, ele muda a sua composição ao longo do dia e também ao longo da fase da lactação. Nas primeiras semanas de vida do bebê o leite tem uma formação diferente, a gente chama de colostro. Na primeira até a segunda, terceira semana de vida do bebê tem-se o leite de transição e após isso esse leite se torna maduro, é uma composição que se mantém ao longo da lactação. Essa composição é sempre formada e produzida de acordo com a necessidade que o bebê tem. De forma alguma, esse leite se torna fraco em algum momento”, afirma.

– A mãe pode beber álcool, mas é preciso esperar um tempo para amamentar:
Verdade: “O ideal é que a mãe que amamenta não consuma bebida alcoólica de forma alguma. Porém, se há uma necessidade ou é uma opção dessa mulher fazer o uso da bebida alcoólica, precisa sim aguardar para poder amamentar. Não existe uma fórmula mágica ou uma forma correta da gente esperar, porque cada mulher metaboliza o álcool de forma diferente. O que a gente orienta em geral é que depois do consumo de uma dose de bebida, por exemplo, uma taça de vinho, essa mulher aguarde pelo menos duas a três horas para poder amamentar seu bebê”.

– Deve-se desmamar o bebê na madrugada para que ele durma a noite toda:
Mito: “O sono não depende especialmente só da amamentação. Existem várias associações de sono, a gente tem várias causas para o bebê dormir ou não a noite toda. E pode acontecer, por exemplo, de fazer o desmame noturno e ainda assim esse bebê não dormir a noite toda”, ressalta Stephania Laudares.

– Deve-se desmamar o bebê para ele aprender a comer:
Mito: “Via de regra a gente começa a introdução alimentar aos seis meses, se houver todos os sinais de prontidão e isso é avaliado na consulta pediátrica, mas o leite materno ainda é o principal alimento da criança até o seu primeiro ano de vida. E ele pode continuar sendo ofertado, inclusive, depois disso. Então, de forma alguma, a gente desmama o bebê quando começa a introdução alimentar ou nos seus primeiros meses”, alerta a pediatra.

Por Dayse Luan

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