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Quais são as vantagens e desvantagens no uso de IA na educação?

Potencial pedagógico da Inteligência Artificial na educação acelera adoção, mas instituições e alunos precisam conhecer prós e contras da tecnologia.

O uso da Inteligência Artificial (IA) já é uma realidade nos diferentes níveis de ensino, sendo que escolas e universidades já estão testando, implementando e regulando o uso de recursos inteligentes para personalizar o ensino, otimizar tarefas administrativas e melhorar o processo de aprendizagem.

Atualmente, IAs generativas guiadas têm sido aplicadas para tutoria personalizada e apoio pedagógico tanto em plataformas internacionais, como aquelas focadas no ensino de idiomas, como por renomadas universidades país afora.

Entretanto, no ensino superior no Brasil, o desafio é encontrar o ponto de equilíbrio entre inovação e responsabilidade, garantindo que as novas aplicações sejam parceiras de um ensino cientificamente embasado e robusto.

As principais vantagens da IA no aprendizado

A implementação das ferramentas e recursos de Inteligência Artificial tem potencial promissor quando bem planejada e adequada às necessidades e contexto dos alunos, professores e corpo técnico-administrativo.

Personalização do ensino

O efeito pedagógico mais promissor da IA é a personalização do ensino. Nesse caso, os algoritmos ajudam a mapear lacunas individuais de aprendizagem, sugerir trilhas customizadas e adequar o percurso de aprendizado ao ritmo de cada estudante.

Isso é especialmente estratégico no ensino superior brasileiro, que recebe alunos de níveis de escolaridade muito heterogêneos.

Em cursos complexos e com conteúdo denso, a IA pode funcionar como um reforço escolar individualizado: o aluno pode perguntar, explicar de novo, solicitar exemplos e variar o nível de profundidade quantas vezes quiser, ampliando seu repertório.

Eficiência para professores

A IA também tem potencial de economizar tempo dos docentes, quando usada de forma adequada e equilibrada no ambiente de ensino. 

Atualmente, a carga horária do professor universitário é cada vez mais administrativa, incluindo tarefas como criação de planilhas e quadros de notas, formulação de feedback das atividades e redação de instruções e comunicações, o que poder ser otimizado pelas ferramentas de IA.

Assim, o professor pode dedicar seu tempo em tarefas que agregam mais como o planejamento pedagógico, produção científica, atendimento individual qualificado e formação continuada.

Aumento de produtividade

Um estudo da Universidade de Stanford identificou ganhos de produtividade de aproximadamente 40% ao usar a IA como assistente de escrita, especialmente na revisão dos materiais.

O benefício se estende a toda a comunidade acadêmica, com estudantes produzindo rascunhos e fichamentos melhores em menos tempo, os docentes na preparação de materiais e avaliações iniciais e técnicos em tarefas como elaboração de minutas administrativas e relatórios.

Desafios da IA em sala de aula

Apesar dos potenciais ganhos relacionados à Inteligência Artificial na educação é indispensável que responsáveis pela transformação digital, bem como os usuários, estejam cientes das limitações e desafios da tecnologia.

Inclusão digital

As ferramentas podem ser usadas para apoio a alunos com necessidades especiais, mas os organismos internacionais como UNESCO e OCDE enfatizam que a inclusão depende do uso correto e ético da IA. Entre as aplicações possíveis destacam-se:

  • transcrição em tempo real para surdos;
  • leitura automatizada para pessoas com deficiência visual;
  • simplificação textual para alunos com dislexia;
  • tradução simultânea para alunos estrangeiros.

Para que a IA possa ser usada em prol da inclusão digital é indispensável que as práticas em sala de aula sejam baseadas em políticas institucionais e não no improviso.

Dependência tecnológica

Quando a IA substitui o processo mental, perde-se a capacidade de aprendizagem profunda e problemas adicionais incluem a perda da perspectiva crítica, da capacidade de focar e de se concentrar.

Na saúde e nas ciências biológicas, por exemplo, um risco considerável é o estudante se tornar um “digitador de perguntas”, sem internalizar conceitos fundamentais de anatomia e fisiopatologia, que serão exigidos no mercado e necessários à prática profissional diária.

Portanto, é importante fazer um uso responsável de tecnologia, no qual ela funcione como ferramenta e não como muleta.

Plágio e uso indevido

Alunos e docentes devem estar cientes dos regulamentos da universidade acerca da IA. O plágio continua proibido e copiar e colar texto gerado por IA é equivalente a copiar um texto de um site sem fonte. 

A solução não é banir a Inteligência Artificial na educação, mas ensinar práticas corretas, como usar a ferramenta como apoio para organizar ideias, revisar clareza e gramática do texto, testar hipóteses, entre outras, mas nunca como autor de conteúdo.

Privacidade e segurança de dados

Ferramentas gratuitas muitas vezes coletam dados e as universidades precisam avaliar critérios antes de aderir a uma ou outra tecnologia, principalmente quando ela for usada por todo o corpo universitário. Questões relevantes a serem consideradas incluem:

  • onde ficam os dados;
  • quem tem acesso;
  • níveis de segurança e criptografia;
  • política de retenção e processamento de dados.

A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) se aplica ao contexto educacional e mais importante é que os dados educacionais como notas, informações de cadastro, interações com professores e histórico acadêmico são sensíveis, o que significa que demandam níveis adicionais de proteção.

A IA na educação pede equilíbrio

Tudo indica que o uso da Inteligência Artificial na educação será permanente, mas é indispensável que essa adoção seja equilibrada para viabilizar formação ética, qualidade do ensino e aprendizado, qualificação do professor e, ao mesmo tempo, eficiência e produtividade.

Não se trata de “substituir o professor” ou “automatizar o aluno”, mas de propiciar mais tempo e recursos para formação crítica e embasamento científico.

A IA na educação tem potencial transformador em diferentes áreas como educação física, veterinária, medicina e muitas outras. O importante é que essa transformação seja intencional, regulada e pedagógica para ampliar as vantagens e gerenciar as desvantagens.

Por Giovanna Angeli Farina

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