7 de setembro de 2024

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Como trabalhar a Educação Inclusiva no ambiente de aprendizagem

A educação é um pilar fundamental para o desenvolvimento humano e, nos dias atuais, a integração da tecnologia no processo de aprendizagem é inevitável. Ainda assim, a transição para uma educação digital inclusiva apresenta desafios que merecem atenção, especialmente quando se trata de garantir que todos os alunos tenham acesso igualitário a recursos digitais e ao desenvolvimento das habilidades necessárias para navegar de forma segura e eficaz na era digital.

A psicóloga, administradora pública e mestre em Educação Liliane Garcez, em entrevista ao Movimento Web para Todos (MWPT), trouxe pontos que ilustram bem a importância da inclusão. “Numa turma, não pode haver conforto se alguém está de fora, senão ela não é uma turma. Isso não é bom para nenhuma pessoa – nem para quem está dentro, nem para quem está de fora”, revela Liliane. Ela levanta, ainda, a importância da relação educador-estudante. “Professores ainda utilizam muito pouco as relações entre estudantes. Se a gente consegue engajar boa parte da turma e uma parcela fica de fora, o que a gente precisa fazer quando a gente educa? Oferecer mais meios. Inclusão é substituir um ‘ou’ por um ‘e’”, afirma. 

A DISPARIDADE NO ACESSO DIGITAL

Em muitos lugares, especialmente em regiões menos desenvolvidas, uma parcela da sociedade não tem acesso a dispositivos digitais em casa, incluindo estudantes da rede pública de educação. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) Contínua, em 2022, 161,6 milhões de brasileiros com 10 anos ou mais navegaram pela internet, revelando que ela estava presente em 91,5% dos domicílios. 

Ainda assim, sob a perspectiva da educação, a disparidade aparece. “Em 2022, 92,2% dos estudantes afirmaram utilizar a internet, mas há discrepância entre redes pública e privada. Enquanto 98,4% dos estudantes da rede privada acessaram a internet em 2022, esse percentual entre os estudantes da rede pública de ensino foi de 89,4%. Também há diferenças significativas no uso dos equipamentos. Há registros informando que 75% dos estudantes da rede privada acessaram a internet pelo microcomputador e que esse percentual foi de apenas 31,2% entre os estudantes da rede pública“, revela a notícia da Agência Gov

Esse cenário cria uma lacuna no que diz respeito à igualdade de oportunidades do acesso. Ainda assim, tendo os estudantes acesso ou não aos recursos digitais em casa, é importante que o ambiente de aprendizagem promova debates e discussões sobre ética e segurança nas redes – e esse é um papel da escola e dos professores. 

No artigo “Os desafios da escola pública paranaense na perspectiva do professor PDE“, as autoras Sandra Schroeder e Rosangela Pereira apontam essa relevância nas considerações finais. Confira: 

“As inovações tecnológicas e decorrentes, a internet, como algo presente em nosso cotidiano, alterou o comportamento social produzindo novas necessidades inclusive à educação. E o contexto educacional, como tal, precisa atender a essa demanda que inclui formação teórica e operacional.

[…] Ficou ainda mais evidente a necessidade da educação digital como componente curricular. A abordagem das temáticas que envolvem o comportamento ético e seguro na internet evitaria que os alunos cometessem ações inapropriadas e até crimes virtuais.

Muitas podem ser as ações pedagógicas que podem ser desenvolvidas nas salas de aula, nos Laboratórios de Informática e até mesmo recorrendo aos artefatos que os alunos carregam consigo constantemente, o celular. Cabe, então, aos profissionais da educação uma formação que os capacite quanto às questões que envolvem a educação digital.

Neste contexto, faz-se necessário que os professores e todos os envolvidos na comunidade escolar conheçam os efeitos legais de ações inadequadas, mostrem aos alunos que a ética se aplica tanto na vida real quanto na virtual; mostrem, através de pesquisas, casos que demonstrem comportamento impróprio e o comportamento ético como forma de respeito ao próximo e a si mesmo.

Quando se entende a educação numa concepção humanista, entende-se que ela deve ir além da apropriação dos conteúdos científicos e formar sujeitos capazes de viverem com autonomia, pautados nos referenciais éticos universais, e isso considera-se como um desafio contemporâneo para a educação, não só brasileira, como global.”

Fonte: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2013/2013_unicentro_ped_artigo_sandra_leticia_schroeder.pdf.

Esse trecho confirma a importância de levar o assunto de forma recorrente à sala de aula, preparando os alunos para lidar com os riscos e os desafios associados ao uso da internet e das tecnologias digitais. Mais do que conscientizar os estudantes sobre os efeitos de suas ações – que, com a internet, podem ser globalizados –, é fundamental falar sobre o cuidado com a exposição e sobre os crimes digitais, como ofensas, bullying, ameaças, crime de falsa identidade, violação de sistemas de segurança, divulgação de fotos e dados, violação de propriedade intelectual e por aí vai. 

SEJA DIGITAL, MAS NÃO SEJA DISTANTE

Ao levar as tecnologias digitais para sala de aula, é importante pensar que a educação digital é parte do processo, não ele de maneira integral. É fundamental, portanto, ao levar ferramentas novas para a sala de aula – como as de Inteligência Artificial, por exemplo –, evidenciar para os estudantes que esse uso não é sinônimo de um distanciamento entre você, professor, e eles. 

O ideal é que você seja uma espécie de tutor e mediador, acompanhando e interagindo com os estudantes enquanto eles usam a ferramenta. Isso até pode ajudar a entender a familiaridade que alguns têm com o universo digital e a limitação de outros. Ao identificar dificuldades específicas, vale dar uma atenção especial àquele caso e entender como desenvolver habilidades que vão ajudar o estudante naquele experimento.

Separar um tempo para a troca de ideias também pode ser proveitoso, convidando os estudantes a falarem sobre como foi a experiência – quais foram os desafios e as oportunidades identificados? 

OUTRAS FORMAS DE TRABALHAR A EDUCAÇÃO DIGITAL INCLUSIVA EM SALA DE AULA 

Pensar em uma educação digital inclusiva passa, também, pelo envolvimento de todos os estudantes com o tema. E isso pode ser feito de diversas formas. Entre elas, estão:

ELABORAÇÃO DE REGRAS EM CONJUNTO

Envolver a turma na criação de regras para o uso de dispositivos e ferramentas digitais promove a responsabilidade e o respeito mútuo. Para tornar o processo mais inclusivo, é importante considerar as diferentes realidades dos estudantes – por exemplo, ao falar sobre o acesso fora da escola, no caso em que exista estudantes sem esse acesso, é possível sugerir a criação de empréstimo ou rodízio de dispositivos para que todos tenham a chance de praticar em casa. 

RODAS DE DISCUSSÃO

Como pontuado na seção anterior, o tempo para troca de ideias é sempre proveitoso. Proporcionar um espaço para que os alunos expressem opiniões e ouçam os outros ajuda no desenvolvimento do senso crítico sobre o uso da tecnologia. A inclusão aqui significa garantir que todas as vozes sejam ouvidas, incluindo as de alunos que podem ter menos familiaridade tecnológica, incentivando a participação de todos.

ANÁLISES DE CASOS

Examinar acontecimentos reais relacionados ao uso inadequado da tecnologia pode destacar as consequências de ações não éticas ou inseguras. Compartilhar ou transmitir material audiovisual que aborde o tema também pode ser interessante. A fim de garantir que o conteúdo seja acessível, escolha tipos de material que seja compreensível para todos os níveis de habilidade digital e considere legendas ou descrições para estudantes com deficiência. 

>> Leia mais aqui sobre como promover a inclusão nos ambientes de aprendizagem

CRIAÇÃO DE UM MANUAL DE BOAS PRÁTICAS

Se a escola mantém contas corporativas, desenvolver um Manual com diretrizes claras sobre o uso apropriado dessas ferramentas pode ser útil.  Esse documento deve ser criado com a colaboração dos alunos, assegurando que as normas sejam realistas e aplicáveis a todos. Também pode ser benéfico traduzir esse Manual em vários idiomas ou formatos (por exemplo, visual, auditivo), dependendo da diversidade da comunidade escolar.

> Dica: o XIII Congresso Brasileiro de Informática na Educação será realizado de 04 a 08 de novembro, e terá como tema “O papel das tecnologias digitais na Educação Inclusiva”. As inscrições já estão abertas aqui.

Por Agência Sebrae de Notícias

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