Matheus Henrique se torna o paciente com maior permanência da história da unidade em uma jornada que simboliza excelência técnica, humanidade e vitória
O Hospital Estadual da Criança e do Adolescente (Hecad) vive, nesta semana, um dos momentos mais simbólicos da sua história. Depois de 407 dias de internação ininterrupta, o pequeno Matheus Henrique, de Bonfinópolis (GO), recebe alta e volta para casa nos braços da mãe, Ariane Gomes da Silva. A longa permanência faz dele o paciente que ficou mais tempo internado desde a inauguração da unidade, e transforma sua história em um marco de superação, cuidado especializado e acolhimento no Sistema Único de Saúde (SUS).
Prematuro, Matheus Henrique nasceu em 27 de agosto de 2024 no Hospital das Clínicas (HC) e, ainda nos primeiros dias de vida, enfrentou complicações graves, como infecções intestinais e a necessidade de múltiplas cirurgias. Com apenas um mês e meio de vida, foi transferido para o Hecad, em 14 de outubro de 2024, para iniciar o processo de reabilitação intestinal, em razão da chamada síndrome do intestino curto, condição rara e de alta complexidade, que exige nutrição parenteral (pela veia) e cuidado multidisciplinar intenso.
“No início foi muito turbulento. Eu cheguei recém-operada, sem saber nada de intestino curto, aprendendo a lidar com dieta, bolsa de colostomia… era tudo muito novo. Com o tempo, a gente vai adquirindo experiência, vai aprendendo, vai tomando fé”, lembra Ariane.


A mãe conta que viveu meses entre a enfermaria e a UTI, com idas e vindas, pioras, infecções e momentos em que temeu perder o filho. Nesse percurso, encontrou apoio na equipe multiprofissional do Hecad: “A UTI daqui é muito humanizada. As psicólogas chegam junto, os médicos, os técnicos… eu era muito amparada. Tornou-se uma família. Eu sonhei muito com esse dia. Sempre orei: ‘Senhor, eu só quero ir embora com o meu filho nos braços’. Hoje, eu olho para o Matheus e vejo a fidelidade de Deus na nossa vida. Minha palavra é gratidão: primeiro a Deus e, em segundo lugar, a toda equipe do Hecad, do diretor ao zelador”, emociona-se Ariane.
Caso de alta complexidade e reabilitação intestinal
Responsável pelo caso, a gastropediatra Marise Tófoli explica que Matheus enfrentou uma sequência de desafios clínicos que, até pouco tempo, eram considerados incompatíveis com a vida em muitos serviços.
“O Matheus teve uma enterocolite gravíssima, que exigiu a retirada de um segmento importante do intestino, o que chamamos de síndrome do intestino curto. São casos muito desafiadores, que dependem de nutrição parenteral prolongada, com cuidados específicos para evitar infecções, tromboses e perda de acessos venosos. Durante esse mais de um ano de internação, ele passou por infecções intestinais, sistêmicas, pulmonares, tromboses e perda de vários acessos, mas foi vencendo cada obstáculo”, explica a médica.


Segundo Marise, a alta de Matheus representa um case de sucesso em reabilitação intestinal pediátrica no SUS, mas também um compromisso com a melhoria contínua: “Nós já tínhamos o Samuel como primeiro paciente de longa permanência desospitalizado com nutrição parenteral domiciliar. Agora, o Matheus, com condições ainda mais desafiadoras, se torna o nosso segundo grande case de sucesso. É um momento de alegria e realização, mas também de reflexão: podemos e queremos fazer ainda mais, com novos protocolos, medicações específicas, treinamentos e aperfeiçoamento da equipe multiprofissional para reduzir infecções, preservar acessos e abreviar o tempo de internação com segurança”, reforça.
Nutrição como linha de frente do cuidado
No dia a dia, a equipe de Nutrição foi uma das grandes aliadas no cuidado ao paciente. A supervisora do serviço, Talita Borges, destaca a necessidade de acompanhamento rigoroso e comunicação constante com as demais equipes: “Pacientes como o Matheus são muito sensíveis. Qualquer melhora pode ser expressiva e qualquer piora também. Por isso fazemos acompanhamento antropométrico, avaliamos a tolerância à dieta, sintomas gastrointestinais e temos uma comunicação muito próxima com a equipe médica e de enfermagem”, explica.
Nos períodos de maior risco, Matheus recebeu visitas diárias dos nutricionistas, com avaliações frequentes e discussão dos casos na Comissão Multiprofissional de Terapia Nutricional (CMTN).
“Quando o paciente é de alto risco, como ele foi por muito tempo, o acompanhamento é diário. Depois, passa a cada quatro dias, mas sempre com profissionais que dominam a pediatria. A parte nutricional pesa muito no sucesso da reabilitação”, complementa Talita.
Desafio de acolher mãe e filho por mais de um ano em um hospital 100% SUS
Para além do cuidado assistencial altamente especializado, a internação prolongada de Matheus também trouxe o desafio de acolher a mãe por mais de um ano dentro de um hospital 100% SUS. O diretor-geral do Hecad, Ronny Rezende, destaca que garantir estrutura, dignidade e suporte emocional à família fez parte da jornada.
“Assistência em saúde e de qualidade é o que fazemos no dia a dia. O grande desafio é oferecer um ambiente em que essa família consiga se manter aqui por tanto tempo, com o mínimo de conforto e dignidade. Falamos do ambiente físico, da cordialidade, das necessidades básicas, da convivência. Mesmo sendo um hospital público, buscamos que a mãe se sinta acolhida, com um psicológico o mais saudável possível, porque saúde mental também importa”, afirma Ronny.
Ele lembra que o Hecad, unidade da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), vem investindo em um conceito de inovação que vai além de pessoas, processos e tecnologia:
“No Hecad, temos enfatizado um quarto pilar: o ambiente. Queremos um ambiente de trabalho e de convívio agradável, organizado, distensionado, tanto para o colaborador quanto para o usuário. Isso se reflete em indicadores, como um dos melhores índices de satisfação entre as unidades que acompanhamos. Ser humano e acolher, esse é o segredo para além da excelência assistencial”, completa o diretor.
Excelência reconhecida: ONA 2 e novos marcos no cuidado pediátrico
A alta de Matheus acontece pouco tempo após o Hecad conquistar a Acreditação Plena, Nível 2, da Organização Nacional de Acreditação (ONA), reconhecimento que atesta a qualidade e a integração dos processos assistenciais e de gestão.
Para a equipe, a história do paciente simboliza, na prática, o que a certificação representa:
• Cuidado altamente especializado em pediatria de média e alta complexidade;
• Atuação integrada de equipes médicas, de enfermagem, nutrição, psicologia, fisioterapia e demais áreas de apoio;
• Compromisso com a humanização, a segurança e a continuidade do cuidado, inclusive na transição para o domicílio.
“A história do Matheus é um marco para o Hecad. Ela mostra que a soma de ciência, técnica, humanização e trabalho em equipe pode transformar prognósticos muito difíceis em histórias de alta, de volta para casa, de vida em família”, resume a Dra Flávia Godoy, diretora técnica e assistencial da unidade.
Texto: Thauann Sales
Fotos: Fabiana Rodrigues e Acervo Hecad
Assessoria de Comunicação e Marketing Hecad
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