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Artista representado por galeria do Centro-Oeste é destaque na Bienal de Veneza

Renomado internacionalmente, o trabalho de Dalton Paula vai ao encontro do tema da Bienal, que celebra a arte de grupos antes marginalizados; artista será homenageado por Cerrado Galeria em jantar de pré-estreia na cidade italiana nesta quinta-feira (18)

Nesta semana de abril, os holofotes se voltam para o interior do Brasil e sua pluralidade cultural e artística – a mais antiga e renomada bienal de artes visuais do mundo, a Bienal de Veneza, receberá o trabalho de Dalton Paula, artista do Centro-Oeste representado pela Cerrado Galeria, cujas sedes estão em Goiânia e Brasília. A 60ª Exposição Internacional de Arte – La Biennale di Venezia, curada por Adriano Pedrosa, terá início neste sábado (20) e se estenderá até 24 de novembro de 2024, nos espaços Arsenale e Giardini, na cidade italiana.
Para homenagear Dalton Paula, a Cerrado Galeria promove, na programação da pré-estreia desta quinta-feira (18), um jantar de celebração no Chiostro dell’Abbazia della Misericordia, antigo edifício religioso que, há alguns anos, é utilizado para acolher artistas da bienal. O evento, que será realizado em parceria com James Fuentes, Galeria Jaqueline Martins e Sé Galeria, também condecora os artistas Jota Mombaça e Manauara Clandestina.


A diretora da Cerrado Galeria em Goiânia, Júlia Mazzutti, garante que o compromisso da instituição é contribuir com a visibilidade de artistas do interior do Brasil, buscando diversificar as narrativas e obras ainda tão centradas no eixo Rio-São Paulo. “Ter artistas brasileiros em eventos de arte internacionais representa uma oportunidade de não apenas mostrar a pluralidade do nosso país, como também dar visibilidade para artistas talentosos que dão sentido ao que chamamos de nova arte brasileira. É o reconhecimento de uma cultura inovadora voltada ao que é afetivo, à vida, ao coletivo e à ressignificação de narrativas antes excludentes”, afirma.

Arte estrangeira
Com o tema “Stranieri Ovunque – Foreigners Everywhere” (“Estrangeiros em Todos os Lugares”, em tradução livre), a Bienal deste ano destaca outsiders do universo da arte, com curadoria liderada também por um brasileiro, o diretor do Museu de Arte de São Paulo (MASP), Adriano Pedrosa, primeiro curador latino-americano a comando da exposição. O evento terá como foco a produção de artistas de diversas origens, dando espaço e visibilidade a grupos anteriormente marginalizados, como imigrantes, expatriados, pessoas queer, indígenas e negros.
Nesse sentido, o trabalho de Dalton se destaca com a pesquisa que promove a visibilidade de personalidades negras até então não representadas pela história visual. Para a 60ª edição da Bienal, o artista expõe as obras “Chico Rei”, “Nã Agotimé”, “Pacífico Licutan”, “Tereza de Benguela” e “Ganga Zumba”, personagens já retratados anteriormente pelo artista entre os anos de 2020 e 2022, que retornam em pinturas de grandes formatos com os personagens em corpo inteiro.
Dalton Paula investiga as representações de corpos negros na diáspora africana, desde o período colonial à contemporaneidade, tecendo curas simbólicas que perpassam o campo histórico-social, econômico e psíquico. O contexto dos terreiros, quilombos, subúrbios e os festejos tradicionais compõem seu processo de pesquisa, que se desdobra no quilombo-escola e guia as ações artísticas e educativas que atuam no fortalecimento da comunidade, construindo um lugar poderoso de emancipação e autonomia dos sujeitos.

Brilhante trajetória
Nascido em Brasília, em 1982, e atualmente baseado em Goiânia, Dalton Paula conquistou reconhecimento internacional por meio de suas obras que integram coleções importantes, como as do Museum of Modern Art (MoMA) de Nova York, da Pinacoteca de São Paulo e do MASP. Sua arte íntima e histórica tem sido aclamada globalmente.
Além de artista, Dalton também é o fundador do Sertão Negro Ateliê e Escola de Artes em Goiânia, projeto que rendeu a ele o Prêmio Soros Arts Fellowship pela Open Society Foundation. Neste ano, foi eleito como um dos dez vencedores do prêmio Chanel Next Prize, um feito que destaca sua influência e originalidade no cenário artístico contemporâneo.
Devido à excepcional trajetória de Dalton, as expectativas da Cerrado Galeria para a participação do artista na Bienal são as melhores possíveis. “Além de artista, ele é educador – seu ateliê, o Sertão Negro, é voltado para a formação de novos artistas. Seu legado representa uma volta às raízes, perpassando todos os aspectos do indivíduo e retratando figuras marginalizadas pela história por meio da pintura e da fotografia. Esperamos que sua exposição leve o espectador a refletir sobre a história afro-brasileira e sua importância para a construção do Brasil”, reitera Mazzutti.

Sobre a Cerrado Galeria
Fundada pelos empresários Lucio Albuquerque, Antônio Almeida e Carlos Dale em 2023, a Cerrado Galeria tem como intuito refletir o mundo a partir do Centro-Oeste do Brasil. Sua criação une mais de 30 anos de experiência e tem o objetivo de impulsionar a expansão da arte no território brasileiro, promovendo o cenário artístico regional. Assim como homenageia em seu nome o bioma da região onde está, a galeria destaca questões que envolvem ecologia, processos históricos e sociedade, evidenciando diversas manifestações culturais.
Para isso, a galeria promove mostras individuais e coletivas, conversas públicas, ações educativas e outras atividades voltadas ao desenvolvimento da produção e do mercado de arte na região, assim como sua circulação e presença no Brasil e no mundo. Em Goiânia, a Cerrado Galeria ocupa a casa modernista projetada por David Libeskind na Rua 84, no Setor Sul, conservando azulejos originais que são um marco da arquitetura goiana. Já em Brasília, há uma unidade no Lago Sul, mesma região que receberá, em breve, um novo espaço da Cerrado Galeria.

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