13 de outubro de 2025
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Menores infratores poderão ficar internados até 10 anos; advogado analisa

Projeto de Lei está em tramitação, advogado comenta sobre outros pontos discutidos pela sociedade

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal aprovou na última quarta-feira (8) projeto de lei que aumenta de três para até cinco anos o tempo máximo de internação de adolescentes que cometem atos infracionais. Para os casos praticados com violência, grave ameaça ou equiparados a crime hediondo, o período de restrição de liberdade pode chegar a até dez anos. A matéria passará agora por votação em turno suplementar na CCJ antes de ser enviada para análise da Câmara dos Deputados.

O advogado criminalista Gabriel Fonseca, que integra o escritório Celso Cândido de Souza Advogados, comenta sobre o projeto. “Vejo como proporcional esse aumento de pena pelo ato infracional, visto que crimes gravíssimos devem ser encarados com maior seriedade. Isso resulta em uma resposta à sociedade, que vive com sentimento de insegurança pública e mantém o caráter socioeducativo da punição, permitindo um tempo maior para a ressocialização dos agentes. Entendo que essa punição deve ser seguida de tratamentos psicológicos, psiquiátricos e incentivos para a entrada de adolescentes no mercado de trabalho após o cumprimento de sua medida”.

O advogado criminalista Gabriel Fonseca vê como proporcional esse aumento de pena pelo ato infracionalO advogado criminalista Gabriel Fonseca vê como proporcional esse aumento de pena pelo ato infracionalCristiano Borges

Ele analisa ainda as discussões sobre punição penal para os menores. “De um lado, há o argumento de que a impunidade estimula a reincidência e que os jovens precisam ser responsabilizados de forma mais severa. A visão é de que a punição mais rígida poderia servir como um ‘freio’ para a criminalidade juvenil. Por outro lado, a maioria dos especialistas e organismos internacionais defendem que a punição penal para menores é ineficaz e, em muitos casos, contraproducente. Em vez de reabilitar, a prisão de um jovem o expõe a um ambiente de violência, corrupção e crimes, o que aumenta a probabilidade de que ele se torne um criminoso mais perigoso no futuro. Acredito que o foco deve ser a prevenção, a educação e a ressocialização, não a punição penal, que é voltada para adultos”.

Maioridade penal
Gabriel Fonseca comenta a discussão sobre a redução da maioridade penal. “Os defensores argumentam que jovens que cometem crimes hediondos devem ser tratados como adultos, e que a redução da maioridade seria uma forma de coibir a criminalidade. Porém, a grande maioria dos estudos e evidências mostram que a redução não diminui a criminalidade e, em muitos casos, pode até piorá-la. Em países que adotaram a redução da maioridade, não houve uma queda significativa nos índices de criminalidade. Além disso, a convivência de adolescentes em presídios adultos, que são ambientes precários e violentos, pode torná-los mais suscetíveis a se tornarem criminosos reincidentes”, pontua.

O especialista destaca também que o sistema prisional brasileiro já tem problemas graves para lidar com adultos, e não está preparado para receber jovens. “Com a redução da maioridade, os criminosos poderiam utilizar crianças e adolescentes ainda mais jovens para cometer crimes, já que eles ainda não estariam sujeitos à punição mais rígida”. Ele ressalta o que deveria ser o foco das pessoas nessa questão. “Em vez de focar na punição, a sociedade deveria investir em soluções que tratem das raízes do problema: educação, família, esporte, lazer e oportunidades de emprego. A redução da maioridade penal é vista por muitos como uma solução simplista para um problema complexo”, salienta o advogado.

Por Dayse Luan

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