22 de dezembro de 2024

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Metilfenidato (Ritalina): para que serve e efeitos adversos

O QUE É O METILFENIDATO?

O cloridrato de metilfenidato, também conhecido pelos nomes comerciais Ritalina e Concerta, é um fármaco que possui ação estimulante do sistema nervoso central e é habitualmente usado no tratamento medicamentoso do transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH).

Esse texto não tem como objetivo reproduzir a bula do metilfenidato fornecida pelos fabricantes. O que faremos aqui é uma revisão crítica do fármaco em linguagem mais acessível ao público leigo, eliminando as partes da bula que contém linguagem mais técnica e ressaltando as informações que são realmente relevantes para os pacientes que precisam tomar o medicamento, tais como posologia, contraindicações e efeitos adversos.

Se você procura informações sobre transtorno do déficit de atenção e hiperatividade, acesse o seguinte link: O que é TDAH – Transtorno do Déficit de Atenção.

COMO O METILFENIDATO AGE NO CÉREBRO?

A dopamina e a noradrenalina são neurotransmissores que possuem ação estimuladora no sistema nervoso central, desempenhando um importante papel no pensamento e na capacidade de concentração.

O metilfenidato é um fármaco que age inibindo a recaptação da dopamina e da noradrenalina na fenda sináptica, fazendo com que esses dois neurotransmissores permanecem ativos por mais tempo. Quando há mais neurotransmissores estimulantes disponíveis para os neurônios, o resultado é um aumento do estado de vigília, da capacidade de concentração e da capacidade de controlar o comportamento.

O metilfenidato estimula o sistema nervoso central de maneira semelhante às anfetaminas; no entanto, suas ações são mais brandas. Outra diferença em relação às anfetaminas reside no fato do metilfenidato produzir efeitos mais perceptíveis nas atividades mentais do que nas atividades motoras.

PARA QUE SERVE A RITALINA?

O metilfenidato possui basicamente duas indicações apenas:

  • Tratamento farmacológico do transtorno do déficit de atenção e hiperatividade.
  • Narcolepsia.

Fora essas duas condições citadas acima, não há mais nenhuma outra indicação formal para o uso da Ritalina.

Ritalina ajuda nos estudos?

Devido a sua comprovada eficácia no aumento do estado de vigília e na capacidade de concentração, a Ritalina passou a ser chamada na mídia e entre os estudantes universitários de “droga do estudo” ou “pílula da inteligência”.

Alguns estudos científicos mostram que o metilfenidato realmente melhora a capacidade em algumas áreas da inteligência, como a memória temporária — também chamada de memória de trabalho — e a velocidade de processamento das informações. Já os efeitos na concentração e na capacidade de resolver problemas são menores do que o esperado, e nos casos da memória a longo prazo e na aprendizagem visual, que envolve o estudo de gráficos, tabelas, mapas e diagramas, o efeito da Ritalina é praticamente nenhum.

Na prática, os estudos clínicos não conseguiram provar que a Ritalina seja capaz de efetivamente melhorar o desempenho acadêmico dos alunos saudáveis, que não sofrem de TDAH. Apesar da maior capacidade para passar a noite estudando, a longo prazo, o uso deste fármaco não costuma se traduzir em melhores notas e ainda pode provocar dependência e efeitos colaterais graves, conforme veremos mais adiante.

COMO TOMAR

O cloridrato de metilfenidato é comercializado nas seguintes formas:

  • Concerta®: comprimidos de 18 mg, 27 mg, 36 mg e 54 mg.
  • Ritalina®: comprimidos de 10 mg.
  • Ritalina LA®: comprimidos de 10 mg, 20 mg, 30 mg e 40 mg.

A dose inicial da Ritalina nas crianças costuma ser de 5 mg a 10 mg, e nos adultos de 10 mg a 20 mg. A dose pode ser aumentado ao longo das semanas conforme a resposta clínica.

A dose diária do Concerta pode variar de 18 a 72 mg.

O medicamento deve ser tomado uma ou duas vezes por dia, sendo indicado não administrar a segunda dose depois das 18 horas, para diminuir o risco do paciente ter insônia.

Nas crianças, a dose diária máxima é de 60 mg, enquanto nos adultos é de 80 mg.

Quanto tempo leva para a Ritalina fazer efeito?

O tempo para o início dos efeitos varia de 20 a 60 minutos., com pico de ação por volta de 2 horas. A duração da ação é de três a cinco horas.

Nos comprimidos de liberação prolongada o tempo de ação pode durar por até 12 horas.

EFEITOS COLATERAIS

Assim como qualquer medicamento, o metilfenidato possui a sua própria lista de efeitos adversos possíveis. Alguns são comuns, outros são raros; alguns são leves, outros são potencialmente graves. A seguir, vamos listar os efeitos colaterais mais importantes, usando como critério a sua frequência e gravidade.

Efeitos adversos comuns da Ritalina

  • Perda do apetite (até 26% dos pacientes).
  • Dor de cabeça (22%).
  • Boca seca (14%).
  • Irritabilidade (11%).
  • Insônia (13%).
  • Náuseas e vômitos (13%).
  • Irritabilidade (11%).
  • Dor de garganta (10%).
  • Coriza (10%).
  • Labilidade emocional (9%).
  • Perda de peso (9%).
  • Ansiedade (8%).
  • Dor abdominal (7%).
  • Tonturas (7%).
  • Palpitações (5%).
  • Transpiração (5%).
  • Depressão (4%).
  • Tremores (3%).
  • Perda da libido (2%).
  • Urticária (2%).
  • Tosse (2%).

Reações adversas que requerem avaliação médica

Se você apresentar qualquer um dos sintomas abaixo, entre em contato com o seu médico, pois isso pode ser sinal de uma reação mais grave ao medicamento:

  • Sinais de anafilaxia (inchaço nos lábios, boca, língua ou dificuldade para respirar).
  • Rash (manchas vermelhas por todo o corpo).
  • Bolhas na pele.
  • Febre alta.
  • Pico hipertensivo.
  • Crise convulsiva.
  • Paralisia de algum dos membros.
  • Dificuldade para falar.
  • Taquicardia (batimento cardíaco muito acelerado).
  • Equimoses (manchas roxas na pele)
  • Espasmos musculares.
  • Desmaio.
  • Alucinações.
  • Priapismo (ereção involuntária, prolongada e dolorosa).

Exceto pela taquicardia, que ocorre em até 5% dos pacientes, todas as outras reações acima são incomuns, com frequência de menos de 1%.

CONTRAINDICAÇÕES

As seguintes condições contraindicam o uso da Ritalina:

QUAIS CUIDADOS DEVO TER ANTES DE TOMAR A RITALINA?

O metilfenidato pode causar tonturas, sonolência, visão embaçada, alucinações ou afetar a capacidade de concentração. Se você sentir qualquer um destes sintomas enquanto faz uso do medicamento, não deverá dirigir veículos ou operar máquinas.

O metilfenidato não é contra-indicado, mas deve ser evitado na gravidez e durante a amamentação, pois estudos em animais demonstraram efeitos indesejados no feto. Sendo assim, a Ritalina só deve ser administrada durante a gravidez se o seu médico achar que os benefícios justificam o risco potencial para o feto.

A Ritalina pode provocar perda de pigmentação pele. Portanto, o seu uso deve ser feito com cuidado nos pacientes que apresentam vitiligo.

Em caso de cirurgia, o anestesista deve ser avisado com relação ao uso da Ritalina, pois esse fármaco pode interagir com alguns tipos de anestésicos.

A Ritalina pode dar resultado falso positivo em testes para o uso de drogas em eventos esportivos, sendo assim, considerada dopping.

O que acontece se eu tomar Ritalina e beber?

O consumo de bebidas alcoólicas, mesmo em doses baixas, deve ser evitado, pois há um maior risco de toxicidade e aumento do risco de surgimento dos efeitos colaterais descritos no tópico anterior.

A combinação do metilfenidato com álcool eleva os níveis de metilfenidato no sangue em até 40%, o que aumenta drasticamente os efeitos normais do medicamento e do álcool.

A associação frequente entre álcool e metilfenidato pode provocar dependência de ambos.

INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS

A associação do metilfenidato com as seguintes drogas é contra-indicada:

  • Acebrofilina
  • Inibidores da monoamina oxidase (IMAO).
  • Anestésicos inalatórios.
  • Cocaína.

A associação do metilfenidato com as seguintes drogas deve ser feita somente com acompanhamento médico:

  • Anti-hipertensivos: redução da eficácia do fármaco e risco de pico hipertensivo.
  • Varfarina: aumento da concentração sanguínea e maior risco de sangramento.
  • Antidepressivos: aumento do risco de toxicidade do fármaco.
  • Fenitoína: aumento do risco de toxicidade do fármaco.
  • Anti-histamínicos: aumenta a concentração sanguínea do metilfenidato.
  • Clonidina: aumento do risco de toxicidade do fármaco.
  • Cannabis: aumenta o risco de taquicardia.
  • Bupropiona: aumenta o risco de epilepsia.
  • Antipsicóticos: aumento do risco de toxicidade do fármaco.
  • Antiparkinsonianos: aumento do risco de toxicidade do fármaco.
  • Antiácidos: aumenta a concentração sanguínea do metilfenidato.

REFERÊNCIAS


Autor(es)

Dr. Pedro Pinheiro

Dr. Pedro Pinheiro

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.

Fonte: mdsaude.com

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