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O legado de Toniquinho JK para a política e o urbanismo brasileiro: o verdadeiro pai de Brasília

Fred Le Blue Assis (pós-doutorando Territórios Culturais do Cerrado UEG, Doutor em Planejamento Urbano UFRJ, mestre em Memória Social UniRio)

 Foto: Instagram Daniel Vilela

Dia 21 de novembro marca 6 anos do falecimento de Antônio Soares Neto, Toniquinho JK, o cidadão exemplar que indagou JK em Jataí, durante o seu primeiro comício para presidente nos anos 50, se ele iria seguir a constituição federal e construir a nova capital do Brasil no sertão goiano. Começava ali uma longa história que relacionava urbanismo internacional e a política nacional, o que já havia sido esboçado com a construção de Goiânia, com base em diretrizes urbanísticas modernas francesas e inglesas.       

 Toniquinho foi casado com Nelita Vilela, irmão de Maguito Vilela, que viria a se tornar governador de Goiás, prefeito de Aparecida por dois mandatos e de Goiânia, quando fora abruptamente privado da saúde e da vida, por uma epidemia que dizimou milhares de brasileiros, inclusive 2 irmãs dele. Ele falecera em 21 de novembro de 2019, mesmo mês em que foi lançado a obra “Tradição da Modernidade”: migração e mobilidade goiana no urbanismo em Brasília” (ASSIS, 2019), cuja introdução fez justiça em relação à relevância da sua persona para a consolidação da Marcha para o Oeste.

Herdeiro do legado de Toniquinho JK, Maguito, quando prefeito de Aparecida, teve oportunidade de autenticar essa memória familiar e nacional de grande envergadura, transformando a realidade social e urbana de uma cidade estigmatizada como sendo dormitório e caótica em uma empreendedora e planificada, que se tornou centro logístico exportador em Goiás, no Centro-Oeste, no Brasil e no mundo. Graças às suas obras de infraestrutura, a cidade deixou de ser um bolsão de atraso e pobreza, incrementando os índices de presença estatal por meio de saneamento básico e pavimentação asfáltica. A construção das vias estruturantes de escoamento da produção e desafogamento do trânsito, com destaque para a Avenida Juscelino Kubitschek, Maguito criou, assim, as bases para que Aparecida passasse a receber diversos investimentos habitacionais, empresariais e industriais que moldaram a paisagem e o imaginário urbano.

Com a posse do sobrinho de Maguito, Leandro Vilela, como prefeito da cidade em 2025, inicia-se, doravante, uma nova fase de protagonismo goiano no planejamento urbano mundial e brasileiro, novamente tendo Aparecida como palco, que após diversas gestões de Maguito e maguitistas, aumentou, em 12 anos, 192% o seu Produto Interno Bruto (PIB) local, pulando de R$ 5,8 milhões, para R$ 16,9 milhões, de acordo com o IBGE -, incrementando também, em 15 anos, o número de empresas ativas, que saltou de 6,4 mil em 2008 para 108 mil em 2024. Atualmente, é hoje a segunda maior e mais rica cidade do Estado, bem como a 41.ª mais populosa do Brasil. A atual gestão, que pegou uma cidade repleta de dívidas, atrasos salariais e ineficiências executivas, sobretudo em relação à limpeza pública, fez seu dever de casa e, ainda em 2025, consegue pensar em planos de legado para as próximas gerações. 

O lançamento do bairro planejado “Cidade do Amanhã”, que vai construir no centro da cidade uma área de uso misto residencial-comercial, horizontal-vertical e público-privado, é uma prova de como o gestor pode atuar em parceria com a coletividade para coordenar o desenvolvimento urbano de uma maneira sustentável e participativa. Esse empreendimento imobiliário/equipamento público tem potencial de se tornar um postal icônico, porque contará com parques lineares, áreas conviviais e praças esportivas comunitárias, para privilegiar áreas de convivialidade, pracialidade e caminhabilidade, estimulando o transporte limpo e saudável (pedestre e ciclístico), em detrimento do automotivo, no que vai contribuir para arrefecer o aquecimento global.

Por Toniquinho ter sido a mais vital personalidade goiana para desimplicar o projeto de construção de Brasília, trazendo mais modernidade urbanística e protagonismo político para Goiás, o deputado Paulo Cezar Martins (PL), aliado histórico de Maguito Vilela, e que, por isso, vai apoiar o vice-governador Daniel para assumir o Palácio das Esmeraldas em 2026, propôs em 3 de setembro de 2024, a criação da Medalha Antônio Soares Neto na Alego A proposta aprovada em primeira votação e que ainda aguarda apreciação da CCJ, visa homenagear personagens que marcaram a história de Goiás, assim como Toniquinho, Maguito, Leandro e Daniel Vilela.

Em 2027, o vice-governador terá a chance de replicar uma das mais exitosas e populares gestões estaduais em Goiás, a de seu pai, Maguito, que tanto contribuiu para o desenvolvimento viário, social, educacional, esportivo e industrial do Estado. Junto com o prefeito Leandro, e aliados de primeira grandeza na Alego, como Paulo Cezar, ambos poderão reestruturar o caótico desenvolvimento e mobilidade urbana da Grande Goiânia, a partir do Plano Diretor Metropolitano, que tenha a urbanização sustentável de Aparecida e demais cidades conurbadas com a capital, como premissa básica e desafio a ser encarado com planejamento de longo prazo. Que Toniquinho siga nos iluminando com sua sapiência singela para trazer um futuro de primeiro mundo para Goiás.

  A importância do jataiense Toniquinho JK para construção de Brasília

 No livro “Tradição da Modernidade”, lançado pela Editora Brasílha Teimosa em 2019, é resgatada a memória coletiva em torno da figura quase lendária do goiano Toniquinho JK. Ao perguntar em 1955 sobre a obrigatoriedade constitucional da mudança da capital para o Centro geográfico do país ao candidato à presidência Juscelino Kubitschek (PSD) na cidade de Jataí (GO), – reduto retumbante do psdista sob liderança do Dr. Serafim de Carvalho, colega de medicina de JK em Belo Horizonte -, na ocasião do primeiro comício de campanha do então candidato, o povo goiano se tornou cocriador da Meta Síntese do seu Plano de Metas. Esse foi fato fundante para a concretização da utopia de construção de Brasília, tanto é que Juscelino fora senador por Goiás em 1961 e não por Minas Gerais. Os “lugares de memória” mais sólidos da ligação inter-regional entre Goiás e Brasília são os dois memoriais com nome do ex-presidente: Memorial JK de Jataí, construído em 2003 o de Brasília de 1981, em que há breve menção à Jataí como “mãe de Brasília”. A relevância social que a cidade do sudoeste goiano passou a ter, em função disso, pode ser observada na projeção política estadual e nacional, em torno da liderança do ex-governador e ex-senador Maguito Vilela (MDB), que era cunhado e afilhado de Toniquinho. 

Por Fred Le Blue

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