Por que tantas pessoas sentem cansaço excessivo? Médico explica
Pesquisas mostram que, cada vez mais, a população se sentem fatigadas o tempo todo, ou na maior parte do dia
O cansaço é uma queixa quase que diária de muitos brasileiros. Na internet, o assunto virou, até mesmo, meme, algo cômico, por fazer parte da rotina de muita gente que trabalha, por vezes demais, e enfrenta situações igualmente estressantes no dia a dia também fora do trabalho. Apesar disso, quem vive realmente sempre cansado, precisa ficar atento sobre a saúde.
Quem explica é o médico intensivista e nutrólogo, José Israel Sánchez Robles, ao garantir que o cansaço extremo tem tudo a ver com a falta de equilíbrio na qualidade de vida. “A condição conhecida como fadiga crônica, ou TATT (“Tired All The Time”), é tão prevalente que o Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido a reconhece por meio de sua própria sigla. No entanto, apesar de sua associação frequente com desequilíbrios na rotina diária, o entendimento dos cientistas sobre essa síndrome de fadiga é ainda incipiente e limitado”, diz ele.
Já uma meta-análise de 2023 examinou 91 estudos de três continentes e concluiu que um em cada cinco adultos em todo o mundo sofre de fadiga generalizada que dura até seis meses. Nos Estados Unidos, 44% dos mais de mil adultos pesquisados pela Fundação Nacional do Sono em 2019 afirmaram que se sentem sonolentos entre dois a quatro dias por semana. Outra pesquisa do instituto YouGov envolveu cerca de 1,7 mil pessoas em 2022 e concluiu que um em cada oito adultos se sente cansado “o tempo todo”, enquanto outros 25% estão exaustos “na maior parte do tempo”.
Porém, José Israel reforça que existem muitas formas de cansaços e fadigas. “A fadiga pode manifestar-se de diversas formas, indo além da fadiga física comumente experimentada após esforço físico. Além disso, existem tipos de fadiga totalmente subjetivos que podem surgir por uma variedade de razões, incluindo sua apresentação como sintoma em várias doenças e condições crônicas. Isso abrange uma ampla gama de condições, desde câncer e esclerose múltipla até a covid longa, depressão e encefalomielite miálgica, bem como causas menos graves”, explica o médico.
É neste momento que entram os especialistas. José Israel lembra que é indispensável procurar médicos para diferenciar o cansaço extremo e rotineiro de alguma doença ou algo de menor gravidade. “Além de buscar orientação médica, é crucial enfatizar a importância da alimentação saudável e da prática regular de exercícios físicos. Optar por alimentos com menor quantidade de ingredientes em sua composição ou escolher opções frescas pode ser benéfico. Combinar essa alimentação equilibrada com uma rotina que inclua pelo menos 30 minutos de exercícios diários pode ter um impacto significativo na qualidade de vida a curto, médio e longo prazo. Essas práticas podem ajudar a reduzir a fadiga excessiva, especialmente quando não está associada a condições médicas mais graves”, pontua.
Além disso, o médico também relata a importância do sono em quantidade e qualidade. “Recomendamos de sete a nove horas de sono, enfatizando os inúmeros benefícios associados a uma boa noite de descanso. Dormir o suficiente é essencial para o processo de reparação muscular, fortalecimento do sistema imunológico, regulação emocional e consolidação da memória e aprendizado, dentre outras funções vitais do organismo. Sem o período adequado de sono, nosso corpo enfrenta dificuldades para desempenhar essas importantes funções, o que pode afetar negativamente nossa saúde e bem-estar geral”, alerta o especialista.
No geral, casos de fadiga contínua por longos períodos são responsáveis por risco de morte acima da população em geral, além de maior risco de ansiedade e depressão. “Portanto, quando a fadiga persiste mesmo após adotar uma rotina saudável de alimentação, sono e exercícios, é fundamental buscar orientação médica. Isso porque a persistência desse sintoma pode indicar condições subjacentes que precisam ser avaliadas e tratadas por profissionais de saúde. Não subestime a importância de buscar auxílio médico para investigar e abordar possíveis causas subjacentes da fadiga persistente”, conclui José Israel Sanchez Robles.
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