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Trabalhador brasileiro está dividido entre a carteira assinada e a informalidade

Para cada formal, já existe um informal no País. Com as mudanças sociais, especialista explica se é vantajoso ter a carteira assinada, criada em 1943

O número de trabalhadores no setor privado com carteira assinada chegou a 39,6 milhões no trimestre encerrado em fevereiro, que abrange o período de dezembro de 2024, janeiro e fevereiro, um novo recorde da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, iniciada em 2012 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número não considera empregados domésticos com carteira assinada. Por outro lado, existe quase o mesmo contingente de trabalhadores que não têm carteira assinada: 38,1%, representando 39,1 milhões de pessoas, segundo dados de fevereiro deste ano. 

Essa taxa inclui quem trabalha sem carteira assinada no setor privado, mas também quem vive de pequenos trabalhos esporádicos (os famosos “bicos”) e outras atividades. Possibilidade de ampliar os ganhos e ter mais liberdade de horário são algumas vantagens apontadas por quem escolhe o trabalho informal. Este grupo abre mão da carteira de trabalho assinada, que garante uma série de benefícios criados em 1943, através da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) promulgada no governo de Getúlio Vargas.

O advogado previdenciarista Jefferson Maleski, que integra o escritório Celso Cândido de Souza (CCS) Advogados, comenta que nesses 82 anos muitas coisas mudaram. “De lá para cá, tiveram várias mudanças. A última grande alteração foi a reforma de 2017, mas ela foi bastante criticada sob o argumento de que ela beneficiou mais os empresários e menos os trabalhadores. As reformas estão acontecendo, seja através das mudanças na legislação ou seja através da jurisprudência que se cria a partir das decisões do judiciário.  Ultimamente o STF tem entrado bastante na área trabalhista, até mudando algumas decisões que o TST, que é o órgão máximo da Justiça do Trabalho, já tinha consolidado”.

O especialista pontua que ter a carteira assinada é uma segurança para o trabalhador, especialmente no que tange à Previdência Social. “Ele pode ficar tranquilo em relação aos seus direitos, pois sabe que a empresa que o contratou vai ter que pagar os direitos de acordo com a legislação, respeitar o limite mínimo de um salário, terá que depositar a contribuição da Previdência Social, depositar o Fundo de Garantia de Tempo de Serviço (FGTS) e ele fica resguardado”, afirma.

Quem atua de maneira informal precisa pagar a Previdência Social também, mas nem sempre o faz, ficando em uma situação de fragilidade em caso de incapacidade temporária ou permanente, morte e na aposentadoria. “A maioria dos trabalhadores pensa apenas na aposentadoria quando se fala em Previdência Social, mas ela traz outros benefícios como a cobertura financeira em caso de doença ou acidente, ou a pensão para a família em caso de morte, entre outras vantagens”, diz. O advogado pondera ainda que a contribuição com a Previdência Social é uma obrigação de todo trabalhador, mesmo os informais, mas até o momento a administração pública não tem fiscalizado quem não o faz. 

O advogado previdenciarista Jefferson Maleski destaca que ter a carteira assinada é uma segurança para o trabalhador

Cristiano Borges

Outros benefícios
Há trabalhadores que não conseguem um emprego formal por falta de opção, enquanto outros não dão importância para essa formalidade. Jefferson Maleski lista os principais benefícios de ter a carteira assinada e comenta cada um deles.

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