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Vacina contra HPV pode prevenir mais de 90% dos casos de câncer relacionados ao vírus

Ginecologista cooperada da Unimed Goiânia, Dra. Rosane Figueiredo, reforça que a imunização deve começar aos 9 anos e é indicada para homens e mulheres

A vacina contra o Papilomavírus Humano (HPV) tem potencial para prevenir cerca de 90% dos casos de câncer do colo do útero, relacionados ao vírus, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, o HPV é responsável por aproximadamente 17 mil novos diagnósticos desse câncer por ano, conforme o Instituto Nacional de Câncer (INCA). Estudo publicado no New England Journal of Medicine em 2020, mostrou que a vacinação antes dos 17 anos reduziu em até 85% o risco de desenvolvimento do câncer de colo uterino, o tipo de câncer mais frequente entre as mulheres, associado ao HPV.

Crédito das fotos: divulgação freepik

A transmissão do HPV ocorre por contato pele a pele, o que torna o uso do preservativo insuficiente para eliminar o risco de infecção. Apesar das evidências de eficácia, a cobertura vacinal segue abaixo da meta. A ginecologista cooperada da Unimed Goiânia – Cooperativa de Trabalho Médico, Dra. Rosane Figueiredo, destaca que a vacinação deve começar cedo. “A vacina contra o HPV deve ser administrada idealmente dos 9 aos 14 anos, quando o sistema imunológico responde melhor. Iniciar antes do primeiro contato com o vírus é essencial, porque a vacina é preventiva, não curativa. Portanto, não atua sobre infecções já adquiridas”, explica.

Por que vacinar entre 9 e 14 anos?

Segundo a médica, essa faixa etária reúne vantagens determinantes. “Além da resposta mais robusta de anticorpos, que permite utilizar menos doses, é muito provável que a imunização seja iniciada antes da exposição ao vírus. Vacinar mais cedo oferece a mesma proteção com número reduzido de aplicações”, afirma. Ela ressalta que a eficácia se mantém em diferentes idades, seguindo as orientações das sociedades científicas.

No serviço privado, a vacina nonavalente, produzida pela MSD, está disponível no Brasil desde 2023 e oferece proteção ampliada contra sete tipos de HPV de alto risco e dois de baixo risco. Com base em ensaios clínicos, a recomendação da fabricante é a aplicação de duas doses para jovens de 9 a 14 anos e três doses para pessoas de 15 a 45 anos. Já a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) orienta duas doses para pessoas de 9 a 19 anos e três doses para adultos de 20 a 45 anos.

“A aplicação da vacina dos 9 aos 45 anos se deve ao fato de que os estudos conduzidos pelo fabricante incluíram essa faixa etária. Porém, a decisão de vacinar fora desse limite pode ser considerada e deve ser compartilhada com o paciente”, pontua Rosane.

Inicialmente, apenas meninas eram vacinadas, com foco na prevenção do câncer de colo de útero. A estratégia foi ampliada para meninos a partir de 2017. “A mudança se deve ao fato de que a infecção pelo HPV está associada a diversos tipos de câncer que acometem ambos os sexos, como os tumores de reto, cavidade oral e orofaringe, pênis, vulva e vagina. Dessa forma, a proteção é importante para todos”, destaca a ginecologista.

Mitos sobre a vacinação contra o HPV

A desinformação ainda é uma barreira importante para ampliar a adesão à vacina. Um dos equívocos mais comuns é acreditar que a imunização deve ser restrita aos adolescentes. “Toda a população permanece suscetível ao HPV ao longo da vida, e novos episódios de infecção podem ocorrer mesmo na idade adulta”, reforça.  Outro mito recorrente é a ideia de que o HPV não tem cura. “A infecção latente se resolve espontaneamente na maioria dos casos. Apenas uma pequena parcela evolui para persistência e possível desenvolvimento de câncer”, enfatiza Rosane.

A falta de informação também afeta os cuidados preventivos. Muitas mulheres acreditam que, ao interromper a vida sexual ou ter apenas um parceiro, não precisam manter o exame preventivo em dia. “A infecção pode ter sido adquirida há muitos anos e permanecer latente. O parceiro também pode ter se infectado em relacionamentos anteriores”, finaliza.

Por Ageu Macedo

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