21 de maio de 2025
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Você sabe o que é baby blues?

Neste Maio Furta-Cor médica explica a condição que afeta as mães no puerpério

Vontade de chorar, desânimo, ansiedade irritação, melancolia, insegurança, dificuldade de concentração, alterações de humor, dificuldade para dormir são alguns dos sintomas do baby blues, uma condição que afeta muitas mulheres após o parto. Este é um tema essencial para ser discutido no Maio Furta-Cor, mês que é conhecido por ser das mães e por esse motivo foi escolhido, desde 2021, para sensibilizar a população para a causa da saúde mental materna. O Furta-Cor é uma tonalidade que se altera de acordo com a luz que recebe, não tendo uma cor absoluta. No espectro da maternidade não é diferente, nele cabem todas as cores.

A médica psiquiatra Lisa Pena, que atende no centro clínico do Órion Complex, em Goiânia, explica a condição. “O baby blues é uma reação emocional transitória e muito comum, até esperada nos primeiros dias após o parto, pois a sua manifestação ultrapassa 70% das mulheres que dão à luz, independente da via de parto. Tem íntima relação com as intensas mudanças hormonais do período, à privação de sono e à adaptação ao novo papel materno. Os sintomas podem ter início logo após o parto e costumam cessar em até duas semanas, tendendo a se resolver espontaneamente”.

Ela, que é especialista em saúde mental da mulher, pontua como aqueles que cercam essa mãe podem notar que ela está passando por um baby blues. “O parceiro, familiares e amigas podem perceber que a mulher-mãe está mais sensível, chorosa, irritada ou ansiosa, com comportamentos diferentes do seu habitual. Ela pode parecer sobrecarregada ou dizer que não está se sentindo como esperava sentir. Esses sinais, quando leves e passageiros, são comuns. O importante é observar se os sintomas diminuem com o tempo ou se começam a se intensificar, o que exigirá avaliação profissional”.

Não é depressão
Lisa Pena ressalta que o baby blues é diferente da depressão pós-parto. “A principal diferença está na intensidade, duração e impacto dos sintomas. O baby blues envolve oscilações do humor dentro do mesmo dia, choro fácil, irritabilidade e sensação de sobrecarga, mas a mulher permanece sem prejuízos para  cuidar de si e do bebê. Tais sintomas aparecem já nos primeiros dias e melhoram gradualmente, em até 15 dias após o parto. Já a depressão pós-parto se caracteriza por sintomas mais intensos e duradouros, como a tristeza persistente, choro frequente, perda do interesse e prazer, sentimentos de culpa, de desesperança, que pode inclusive dificultar a conexão com o bebê e, em casos mais graves, até cursar com pensamentos de morte – como por exemplo o de que todos, inclusive o bebê, ficariam melhor sem a presença da mesma”. 

A psiquiatra destaca como quem rodeia a mãe pode auxiliá-la no baby blues. “O apoio emocional e prático faz grande diferença. Estar presente, ouvir sem julgar, ajudar com o bebê ou com tarefas da casa, tarefas externas, garantir que a mulher-mãe tenha tempo para dormir (oferecendo suporte noturno, mesmo que de maneira intermitente) e também de praticar o seu autocuidado em coisas simples: tomar banho adequadamente, comer com calma e por que não até ir ao salão? Tudo isso contribuirá para o bem-estar materno. Validar os sentimentos, sem minimizar ou romantizar o puerpério e a maternidade, é um ato de amor e zelo”.

Muitas mães não querem deixar passar esses sentimentos negativos para o bebê, a médica que pode ser acompanhada pelo perfil @lisapena.psiquiatra, ressalta que esse é um medo muito comum, mas não se pode deixar levar por ele. “É importante lembrar que acolher as próprias emoções e buscar apoio já é um gesto de proteção e cuidado com ambos. Relações afetivas seguras não dependem de perfeição, mas de presença, vínculo e verdade, a qual se constrói com o tempo e tendo saúde. Uma mãe que cuida de si está cuidando, também, do seu bebê, da sua família e da sociedade”.

De acordo com Lisa Pena, normalmente não é preciso um tratamento para o baby blues. “Na maioria dos casos, ele passa naturalmente, sem a necessidade de tratamento medicamentoso. No entanto, a psicoterapia é sempre bem-vinda, inclusive com a abordagem em psicologia perinatal, pois será  fundamental oferecer escuta qualificada e acolhedora, além de descanso e suporte efetivo à nova mãe. O acompanhamento com uma equipe de saúde especializada pode ajudar a garantir que os sintomas não estejam evoluindo para algo mais sério. A atenção a este momento pode fazer toda diferença à prevenção de adoecimentos crônicos.

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