A obesidade, condição crônica que afeta mais de 1 bilhão de pessoas no mundo atualmente, é frequentemente diagnosticada pelo Índice de Massa Corporal (IMC), uma medida simples resultante da divisão do peso pela altura ao quadrado.
Embora prático, o IMC tem mostrado diversas limitações, especialmente ao lidar com casos próximos aos valores de referência para sobrepeso e obesidade.
Essas limitações motivaram a recente proposta da Sociedade Europeia para o Estudo da Obesidade (AESO) de um novo consenso sobre o diagnóstico e tratamento da obesidade, publicado na revista Nature Medicine, quem explica mais é o médico nutrólogo e intensivista José Israel Sanchez Robles.
O especialista explicou que cientistas estão tentando refutar o IMC, pois o cálculo não considera a distribuição de gordura corporal nem a presença de comorbidades. “O IMC pode, por exemplo, classificar erroneamente indivíduos com alta massa muscular como obesos e ignorar aqueles com percentual de gordura elevado mas com um IMC dentro da normalidade”, pontua.
A nova diretriz da AESO sugere uma abordagem mais detalhada para diagnosticar a obesidade, recomendando a utilização da circunferência abdominal dividida pela altura. Este método reflete melhor a distribuição de gordura abdominal, que está intimamente ligada a diversas doenças metabólicas.
“Por exemplo, um indivíduo com altura de 1,80m e circunferência abdominal de 90cm ou mais pode ser considerado obeso se houver comprometimento médico associado, como diabetes tipo 2 ou hipertensão. Essa mudança proposta pela AESO é um avanço significativo e permite que profissionais de saúde identifiquem melhor os pacientes que necessitam de intervenção, mesmo que seu IMC esteja abaixo de 30 kg/m²”, explicou José Israel.
“Outras formas de avaliação, como bioimpedância ou densitometria corporal, proporcionam uma visão mais precisa da composição corporal, crucial para um diagnóstico acurado, abordando a obesidade de maneira mais eficaz, reconhecendo-a em estágios iniciais e prevenindo complicações severas. Por exemplo, no Brasil, onde cerca de 20% da população sofre de obesidade e 75% dos adultos podem estar com sobrepeso em duas décadas, a implementação dessas novas diretrizes é urgente”, continuou o médico.
Apesar disso, enquanto a nova resolução está em andamento, o IMC ainda continuará com seu valor como ferramenta inicial de triagem, mas não deve ser a única métrica para diagnosticar obesidade. A adoção de medidas complementares, como a relação cintura/altura e a análise da composição corporal, oferece uma compreensão mais completa do estado de saúde dos indivíduos. “Este novo paradigma proposto pela AESO é um passo crucial para enfrentar a epidemia de obesidade de forma mais eficaz e equitativa, melhorando a qualidade de vida de milhões de pessoas ao redor do mundo”, concluiu o especialista.
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