11 de dezembro de 2024

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Sem dores no trabalho: dia 28 de fevereiro é o Dia Estadual das Lesões por Esforços Repetitivos

Data alerta para a necessidade de prevenir as lesões relacionadas às ocupações funcionais, como tendinite, bursite e hérnia de disco, entre outras. Na Alego, o Sesmt tem atenção especial com a saúde dos servidores.

Dor, peso, formigamento, dormência, alteração de sensibilidade e fadiga muscular não são sensações que deveriam estar associadas às atividades laborais. Mas, quando se trabalha em posição estática ou com a execução de movimentos repetitivos e elas surgem, pode se tratar de um caso de lesões por esforços repetitivos (LER) ou distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (Dort). Para alertar a população sobre os cuidados indispensáveis à saúde e segurança no ambiente de trabalho, 28 de fevereiro é o Dia Estadual de Prevenção das LER/Dort

Segundo o Ministério da Saúde (MS), trata-se dos distúrbios funcionais ou doenças do sistema musculoesquelético causados pela exposição contínua a um mecanismo de trauma ligado à ação executada durante o trabalho. 

As LER/Dort não são propriamente um diagnóstico médico, mas sim um termo que abrange uma série de manifestações clínicas, principalmente nos membros superiores. Entre alguns exemplos estão a tendinite, tenossinovite, bursite, epicondilite, síndrome do túnel do carpo, hérnia de disco e dedo em gatilho.

O principal sinal de alerta é sempre a dor, que pode ser o único indicativo ou até se associar a outros sintomas, conta o fisioterapeuta da Seção de Serviços Especiais de Engenharia de Segurança, Medicina do Trabalho e Meio Ambiente (Sesmt) da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), Guilherme Andrade. As manifestações incluem, ainda, a dificuldade de usar o membro afetado, inchaços, alterações de temperatura na região e distúrbios dermatológicos.

“É importante frisar que a dor provocada pelas LER/Dort sempre vai estar relacionada à atividade profissional que o indivíduo desempenha. Uma dica é prestar atenção em quando ela surge ou piora. Por exemplo, se você trabalha o dia inteiro digitando no computador e, ao final do expediente, sente algum tipo de incômodo no pulso durante um período contínuo de tempo”, detalha. 

Como a designação LER/Dort abarca diversas condições médicas, os fatores de risco também são variados. Em geral, destacam-se mobiliário desajustado às necessidades ergonômicas; postura inadequada; esforços físicos excessivos; longas jornadas de trabalho sem descanso ou com metas muito rígidas. Qualquer um está sujeito às LER/Dort, mas elas são mais comuns, de acordo com o MS,  em mulheres entre 40 e 49 anos e em indivíduos com ensino médio completo. 

O termo LER, apesar de ser mais conhecido pelo público geral, está em desuso e tende a ser substituído por Dort, explica o fisioterapeuta da Alego. “Nem todo esforço repetitivo está necessariamente relacionado ao trabalho, então, para deixar clara a causalidade entre o distúrbio e a rotina laboral da pessoa, foi criado a nomenclatura Dort. A designação LER, que remonta aos anos 1980, não atende as especificidades técnicas necessárias do ponto de vista jurídico”, completa. 

Ocorrência 

No Brasil, as LER/Dort são consideradas doenças ocupacionais, equivalentes a acidente de trabalho, e, assim, sua ocorrência deve ser reportada aos órgãos competentes.  As condições que abrangem as nomenclaturas são as doenças ocupacionais que mais afetam os trabalhadores brasileiros, segundo dados do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho. Entre 2007 e 2022, 109 mil casos foram notificados no País, 469 deles em Goiás. 

Elas estão em quarto (3,79% do total registrado no período) no ranking das notificações do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) relacionadas ao trabalho conforme agravos e doenças. Estão atrás apenas, nesta ordem, de acidentes graves, exposição a material biológico e acidentes por animais peçonhentos. O levantamento Saúde Brasil 2018, do MS, indica o aumento na exposição de trabalhadores a fatores de risco, que podem ocasionar incapacidade funcional. 

A analista de sistemas, Andreza Lyra, foi diagnosticada com síndrome do túnel do carpo, considerada LER/Dort,  há mais de dez anos e revela que a ocorrência é comum entre seus colegas de profissão. Ela lembra que o profissional que trabalha no computador o dia inteiro até sabe dos cuidados que precisa ter, mas muitos acabam se deixando levar pelas demandas do dia a dia e não prestam atenção à própria saúde. 

“No final do dia, minhas mãos estavam sempre doloridas e inchadas e eu comecei a prestar mais atenção às minhas dores durante exercícios diários de ginástica laboral”, relata. Andreza foi orientada a procurar um médico e os exames revelaram, além da síndrome do túnel do carpo, a formação de um calo ósseo entre o dedão e o punho. 

Em sua visão, além das empresas e órgãos oferecerem o apoio necessário, é preciso que o próprio trabalhador se esforce para incorporar hábitos saudáveis na rotina. Ainda assim, a analista de sistemas afirma que o assunto das LER/Dort ainda é tabu entre os contratadores e precisa receber mais atenção para reduzir o estigma no mercado de trabalho. “Eu já precisei esconder meu diagnóstico por medo de não ser contratada ou ser mal vista pelos colegas.”  

Orientações 

 Se um trabalhador estiver desconfiado que sofreu uma LER/Dort, a primeira coisa que ele deve fazer é procurar um médico, orienta o fisioterapeuta da Alego, Guilherme Andrade. A partir do diagnóstico específico e estabelecimento da relação entre ele e a atividade profissional desempenhada pela pessoa, é necessário informar a empresa para que se busquem as adaptações no ambiente de trabalho.

Além disso, o problema deve ser tratado especificamente conforme a prescrição do profissional de saúde para evitar maiores complicações. 

Cumprir com os parâmetros mínimos estabelecidos pelo Ministério do Trabalho e Emprego e garantir o bem-estar psicofisiológico dos trabalhadores é a melhor forma de prevenir as LER/Dort.

 Trabalho seguro no Legislativo goiano

Na Alego, a garantia de um ambiente de trabalho saudável e seguro é de responsabilidade do Sesmt. A divisão é composta por uma equipe multiprofissional que atua de forma transversal. 

O Ministério do Trabalho, a partir da norma reguladora nº 4, estabelece os parâmetros e os requisitos para atuação de um Sesmt. Organizações e os órgãos públicos da administração direta e indireta, bem como os órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário e do Ministério Público que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho devem constituir e manter o serviço. A finalidade é promover a saúde e integridade dos trabalhadores.

“O Sesmt da Assembleia é uma seção nobre e antiga e tem se investido cada vez mais na qualificação da equipe, o que é um benefício direto para os servidores. Hoje, contamos com engenheiros, enfermeiros e médicos do trabalho, técnicos em segurança do trabalho, fisioterapeutas e educadores físicos”, conta Andrade. 

Atualmente, o Sesmt está desenvolvendo um programa de gerenciamento de risco (PGR) para o Parlamento goiano. Trata-se de um esforço para avaliar e documentar os postos de trabalho da Casa e os potenciais perigos que cada ambiente oferece e, depois, traçar estratégias que evitem quaisquer tipos de acidentes. 

O fisioterapeuta do Sesmt destaca, também, a volta do programa de ginástica laboral para os servidores da Alego. “A ideia é oferecer um momento de pausa e descanso com exercícios de relaxamento muscular. Uma vantagem é que temos contato direto e regular com vários servidores, então, nossa equipe terá condições de identificar eventuais problemas de saúde de forma rápida”, explica.

Os departamentos que desejarem ser atendidos apenas precisam entrar em contato nos ramais 3174 ou 3471 e fazer a solicitação.

 Além disso, mais uma iniciativa em prol da saúde dos trabalhadores da Casa é o oferecimento contínuo de materiais que contribuem para o conforto do ambiente laboral, como itens de apoio ergonômico para os pés e para uso de teclado e mouse nos computadores. Para requerer algum dos artigos, é necessário enviar ofício ao Sesmt. A equipe está disponível para atendimento em caso de dúvidas.

Por Agência Assembleia de Notícias

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